quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Insônia, Solidão e Amor Unilateral

Passar a noite em claro, enquanto todos dormem: assim é a (maravilhosa) dádiva de amar só.

Os outros estão ali, mas você não consegue acompanhá-los: eles dormem, você sofre. E, enquanto eles acordam e vivem, você sente uma dormência consumindo seu corpo, provavelmente fruto das inúmeras noites mal dormidas.

Nunca em sintonia, nunca no mesmo canal.
Assim é a (incrível) dádiva de amar só.

São noites de insônia, uma após a outra, que consomem, roubam a juventude, a exuberância do sorriso, o bom humor, a esperança, o estoque de cafeína, as melhores reprises da TV.

Tudo o que você mais quer é dormir junto com os seus, fechar os olhos, sentir o sono chegando, esquecer que é hora de não lembrar. Tudo o que você quer é dormir como o seu amado que, diga-se de passagem, dorme muito bem, obrigada.

Porém e a despeito de todas as suas orações, só sobrevém mesmo a maldita insônia, desorientando tanto que você nem lembra mais onde deixou guardados seus sonhos.

Assim é a dádiva de amar só. Mas não será a última.

Um dia, sem mais nem menos, você abre os olhos e só então percebe, incrédulo, que dormiu a noite toda. E até sonhou o sonho dos justos, veja só!


Amar de forma unilateral é doloroso e humilhante, porém não dura eternamente. É passageiro, como tudo na vida, até mesmo uma crise de insônia.