sábado, 8 de janeiro de 2011

Em Plena Lua de Mel

Hoje foi dia. Ou melhor, noite. Daquelas. 

Mas não daquelas que você está pensando. Eu falo daquelas noites onde se encontra velhas amigas, conta-se antigas piadas e solta-se novas gargalhadas. Porque não há nada melhor do que se sentar, despreocupar-se com o tamanho que se veste (embora o assunto tenha tomado 75,82% do tempo da conversa), botar meio mundo de guloseimas pra dentro e recontar boas histórias.

Porque bom mesmo é alcançar certa idade e perder o pudor com alguns assuntos. É ver que não há maiores problemas em ganhar anos a mais, quilos a mais, estrias, celulites, rugas, espinhas (sim, porque depois de velha chega a puberdade atrasada) e alguns chifres (sim, eles estão aí, mas não os procure). Tudo isso é inerente à maturidade que se alcançou, faz parte de tudo que se andou até chegar onde se está. E o correto é onde mesmo, porque aonde indica movimento ou aproximação. Viu? É bom também ver que no blog tem R$ 0,10 de cultura.


Bom é rir das mesmas historinhas que, ao longo do tempo, vão ficando mais distantes e ganhando um sabor diferente, cada vez que são contadas. O apelido, a viagem, aquela situação constrangedora, o dia D, o porquê, o acesso de riso, o choro que simplesmente não deu pra segurar. O cachorro que bebe água gelada do bebedouro, o filho fantasiado de índio sem cueca, a combinação blusa de poá e calção de listras. Bom é contar metade do povo no quarto assistindo o Popó (eu sei lá quem é Popó, gente, pra mim ele lutava boxe, eu nem sabia que tinha virado ator da Globo) e dar fim ao patê de caranguejo, com a bandeja de salgadinho entre as pernas.

E, fora isso, muito mais. Bom é se sentir em casa, mesmo estando tão distante. É compartilhar idéias que parecem absurdas, mas que não são assim tão no sense quando você conversa com gente igual ou pior que você. Isso é bom demais. É bom ver o quanto se evolui pelas fotos desbotadas, o quão rápido crescem os filhos e nossas barrigas, sem culpa, sem medo, sem arrependimentos. Como bem disse Piaf, No! I will have no regrets! All the things that went wrong, for at least I have learned to be strong.

E, ao fim de mais uma noite daquelas, bom é dar adeus sabendo que virão outras noites assim. Bom é sair de alma lavada pelos sorrisos, tendo a certeza de que não adianta apegar-se tanto com coisas pequenas, materiais, porque no entardecer da vida, o que nos restará mesmo é a caixa e a música célebre do mestre Reginaldo Rossi reinventada. Vem, siñor Miagui!