segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Mas que coisa, Sofia...

Decisão: 1. substantivo feminino, ação ou efeito de decidir ou decidir-se. 2. Determinação, resolução. 3. Coragem, intrepidez.

Olhando pela ótica do dicionário, até parece fácil. Mas não é. Todos os dias precisamos tomar decisões pequenas e rápidas, ok. Mas não são essas que pesam em nossos ombros. As que realmente nos tiram o sono são as que dividem as águas de nossa vida, as que - depois de muitos anos - parece que ainda ribombam nos ouvidos, com seus ecos de "por que" e "se"...

Decisões assim me lembram fatos ou pessoas marcantes e três desses chamam atenção. Primeiro da lista, Salomão, claro. Rei de Israel e filho de Davi, ordenou a seus guardas que cortassem o bebê ao meio e dessem um pedaço pra cada uma das duas criaturas que foram reclamar o filho para si. Fecha agora os olhos e pensa em Salomão sentado no trono, sentindo o peso da coroa, queimando todos os neurônios, sob os olhares de Mãe 1 e Mãe 2, pensando no inocente e se perguntando: "E agora?!" Pois é, a sorte é que ele era a personificação da sabedoria. Sim, mas e nós??

Segundo, o Dia D. Tava lá o Eisenhower e o Churchill debruçados sobre montanhas de papéis, noites sem dormir, ambos com olhar sensual de panda, contando baixas e mais baixas. Mentaliza aí os dois discutindo, sobrevivendo a inúmeras tentativas de sabotagem, escolhendo os locais estratégicos, contando as vilas e as pontes, imaginando quando seria o momento certo de jogar (apenas) 160mil soldados na linha de fogo. Certo, mas vale dizer que o tempo estava a seu favor, pois tiveram mais de três anos de planejamento, tentativas e erros. Sim, mas e nós?! 

Por fim (e não menos importante) temos a Escolha de Sofia, filme que conta a história de uma mãe polonesa, presa num campo de concentração durante a II Guerra e que é forçada por um soldado nazista a escolher um de seus dois filhos para ser morto. Detalhe: se ela se recusasse a escolher um, ambos seriam mortos. Seguindo a linha de pensamento a-jornada-é-mais-importante-que-o-destino, o final do filme não está em discussão, mas sim a problemática da escolha, a decisão crucial, a divisão de águas por toda uma vida...

A nós, que não abrigamos um poço de sabedoria no peito e não temos o tempo como aliado, só nos resta tomar a bendita decisão.

Pois então, companheiro, o que tiver que ser feito, que seja feito, já que cada escolha tem sempre metade das chances de dar certo. Seja como for, não se auto congratule demais nem muito menos se flagele em demasia. Só tome logo sua decisão e peça a Deus que ela tenha sido a melhor possível.

Como escreveu Paulo Coelho, “Esperar é doloroso. Esquecer é doloroso. Mas não saber o que fazer é o pior tipo de sofrimento.”