terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sintomas de Saudade....

O tempo passou. Ele sempre passa. 
E essa é a parte mais engraçada e mais cruel de toda história. O tempo, quando passa, arrasta consigo uma infinidade de coisas, aplacando dores, amenizando o rancor e apagando os sinais. Os sinais, a memória, os rostos, os lugares, as músicas, a penumbra, os segredos, medos e aflições. Tudo vai sendo arrastado pela maré do tempo.

E há quem não queira tanto. Há quem queira guardar no coração aquele sorriso que tirava o fôlego, o suspiro profundo que antevia a discussão, o momento de desabafo e extrema sinceridade, as promessas rápidas de um futuro inexistente, o olhar suplicante por uma solução, as brincadeiras sem sentido, o primeiro, o segundo e o último adeus. A última frase, o último conselho.

Tanto poderia ter permanecido, mas o tempo realmente passa. A vida segue e não há quem faça ideia da luta que é travada dentro de cada um, todo dia, toda noite. Uma luta desigual, diga-se de passagem, porque é querer e não querer. É querer lembrar, porém dói não esquecer. É não querer esquecer, porém dói rememorar os quadros deste filme.

Na verdade, vai além disso tudo. É também não querer lutar contra o tempo, mas sem essa luta a maioria não teria sobrevivido. Entre lutar e não lutar, esquecer e lembrar, doer ou não doer, o tempo vai passando. Ele, que não se importa com as lutas e as dores, simplesmente vai aos poucos arrastando cada lembrança. 

E eu sei que você não queria isso. Você queria mesmo era ele. Todo o tempo. Ainda que o tempo passasse.